
VINHOS PARCEIROS DE PRATOS QUENTES
Uma taça de vinho é companhia perfeita para as comidas mais encorpadas servidas na estação mais fria do ano.
Que o casamento entre queijos e vinhos é um dos mais perfeitos da gastronomia todo mundo não só já sabe, como vivencia essa experiência com regularidade, especialmente nas tardes e noites mais geladas do inverno.

Só que a maioria desconhece que essa bebida milenar combina de forma divina com qualquer cardápio, inclusive com feijoada ou churrasco. O segredo para um casamento bem-sucedido, sem risco de divórcio, é a harmonização entre a bebida e a comida, ou seja, qual tipo de vinho combina melhor com os ingredientes do prato.

Se você não tem conhecimento do assunto, mas é amante de vinho em qualquer estação do ano, Eliete dos Santos Nicola, nossa atendente de vinho da loja Giovanni Pirelli, empresta sua experiência de 15 anos para ajudar nos primeiros passos da harmonização. Vamos lá?

QUEIJO E VINHO
Numa combinação com queijos e frutas-secas sempre é bom ter mais de um rótulo à mesa por conta das diferenças de texturas e sabores, já que uma apresentação assim pede queijos mais curados e cremosos, com teores de gordura diferentes. O brie, como exemplo de queijo mais delicado, pede vinhos mais leves, como Chardonnay e Riesling, ou um espumante brut ou demi-sec. Em contrapartida, os queijos mais maturados e de sabor marcante requerem um tinto à altura, como o Cabernet Sauvignon, um Tanat ou até o 4 Cepas, da linha do Doña Dominga.
FONDUE DE QUEIJO

No preparo da massa, a regra inviolável é usar o branco seco, caso contrário o resultado será um fondue agridoce. De acordo com Nicola, o álcool do vinho trabalha como um anticoagulante do leite e ainda garante cremosidade. Segundo ela, geralmente os queijos usados são emmental, gruyère ou gouda. Para acompanhar, um Sauvignon Blanc ou um Chardonnay. “Mas, se preferir um vinho tinto, o Pinot Noir harmoniza bem pela sua leveza”, assegura.
FONDUE DE CARNE
Pode ser harmonizado com vinhos mais jovens. Como o preparo geralmente é feito com filé-mignon ou outro corte com pouca gordura, não é necessário lançar mão de um vinho suntuoso, com passagem por barricas de carvalho. Um rótulo jovem de uma uva mais intensa garantirá uma boa experiência ao paladar. Para carnes vermelhas, ela recomenda um bom Merlot, Malbec, Syrah ou o queridinho Cabernet Sauvignon. Se for de carne de frango ou de porco, um espumante brut branco vai muito bem.
FONDUE CHINÊS
É aquele caldo temperado, cheio de legumes e verduras, que pode levar também camarões. As sugestões de harmonização são vinhos tintos e brancos mais leves, como um Merlot, um Pinot Noir (no caso dos tintos) ou um Chardonnay, no caso do branco. “Um espumante branco com boa estrutura e acidez, um brut ou até mesmo um demi-sec mais puxadinho para o seco também são recomendados”, diz.
FONDUE DE CHOCOLATE
Com frutas, fica uma delícia: geralmente morangos carnudos e uvas verdes tenras. A harmonização clássica é com vinhos do Porto, que são fortificados em suas duas versões: Ruby, mais adocicado, e Tawny, mais amadeirado. Ambas possuem um processo interessante de fabricação. Há ainda a opção de uma harmonização mais econômica e tão gostosa quanto. “São os vinhos de sobremesa Late Harvest (Cosecha Tardia, ou simplesmente Colheita Tardia).
FEIJOADA
No inverno, trocar a caipirinha ou a cerveja por vinho é descobrir e desfrutar uma nova experiência sensorial. Seja a feijoada light ou aquelas mais pesadas, certo é que as duas versões contam com feijão preto e carnes suínas. Um prato dessa potência, rico em proteínas, pede um vinho tinto mais encorpado, com acidez equilibrada, porém, presente. “Nederburg é um rótulo africano que me sinto à vontade para harmonizar com feijoada, mas pode ser outro vinho de qualquer país, que tenha um bom corpo e acidez equilibrada”, comenta Nicola. As uvas Cabernet Sauvignon, Syrah e Tanat cabem bem na harmonização.
PASTAS E PIZZAS

Em uma boa pasta, o que comanda a harmonização é o molho. O tipo escolhido, leve ou mais estruturado, é o que vai definir o rótulo de vinho e suas uvas. Isso acontece igualmente com os recheios das pizzas. Nicola explica que, nas harmonizações com alimentos, há uma regra básica: alimentos mais gordurosos e pesados convidam vinhos mais estruturados e encorpados. Já os alimentos leves devem ser acompanhados de vinhos também mais leves e delicados. “Nessa dupla, um sabor não pode sobressair para não matar o sabor do outro. Eles precisam conversar entre si, se complementar”, ensina a atendente.
Para uma refeição com proteínas gordas, como um churrasco, o vinho Malbec, um Cabernet Sauvignon mais encorpado, estruturado com a presença de taninos, atua como um adstringente da gordura na boca. “Ao levar a taça à boca e segurar a bebida por alguns segundinhos, é possível sentir abrirem os sabores, destaca Nicola, acrescentando que, junto com os alimentos, acontece a mesma coisa. “Ele evidencia, potencializa os sabores e nos remete a outras descobertas gustativas positivas que nunca havíamos experimentado”, garante.
Consultoria: Eliete dos Santos Nicola: tem cinco anos de Coop e outros 15 anos de experiência no mundo dos vinhos, adquirida em suas passagens por importadoras como Casa Flora, Interfood, La Pastina e Malbec.